A Doença Cárie foi detectada em todos os povos, em todas as raças e em todas as épocas desde os tempos bíblicos. Ela é uma doença com, pelos menos, 500.000 anos de idade, como evidenciam registros arqueológicos de esqueletos humanos. (Hardwick, 1960).
Podemos definir a cárie como uma destruição localizada dos tecidos dentais causada pela ação de bactérias. A fermentação bacteriana dos carboidratos, geralmente, a sacarose (açúcar), produz o ácido láctico, responsável pela desmineralização dos tecidos duros dos dentes: esmalte, dentina e cemento.
É uma doença transmissível, infecciosa e oportunista, de caráter multifatorial, fortemente influenciada pelos carboidratos da dieta e pela ação dos componentes salivares.
A cárie pode se instalar em qualquer região dos dentes:
- Nas irregularidades das superfícies mastigatórias dos dentes pré-molares e molares (Cárie de fossas e fissuras)
- Nas superfícies lisas de todos os dentes
- Nas superfícies das raízes dentais (cárie de raiz)
- Nas superfícies lisas dos pontos de encontro entre os dentes (cárie proximal).
Etiologia: Fatores locais
Há muito tempo, várias teorias foram discutidas para explicar o processo da cárie e a relação entre bactérias e doenças orais. Entretanto, só na década de 1940 é que o papel dos microrganismos na formação da cárie foi demostrado.
Dentro destes, podemos dar destaque para os estreptococos mutans, bactéria que frequentemente vêm sendo associada á cárie. Eles possuem um potencial patogênico particular devido a sua capacidade de colonizar o dente e produzir uma placa aderente, além de serem acidogênicos.
A causa da cárie dental pode ser atribuída basicamente a um fenômeno essencialmente de superfície e que nele intervêm obrigatoriamente os microrganismos que, juntamente com os açúcares, formam o trinômio: dente-microrganismos-glicídios, condição sine qua non para a produção da cárie dental. Rompida esta cadeia, não há o aparecimento da mesma.
Sinais clínicos e evolução da cárie dental
O primeiro sinal da cárie são manchas esbranquiçadas ou amarronzadas facilmente visualizadas nas superfícies lisas dos dentes, mas muito difícil nas superfícies de contato entre eles. Estas manchas se devem a desmineralização das áreas entre os prismas que formam o esmalte, sem formação de cavidade. Nesta fase (sem cavidade), os estudos mostram que com tratamento adequado a remineralização do esmalte é possível.
Sem tratamento, lentamente este processo continua até estender-se a dentina onde irá provocar desmineralização da mesma e perda de sustentação dos prismas de esmalte deste local que se desmoronam, criando uma cavidade. Esta será preenchida por mais bactérias, dando continuidade ao processo de descalcificação do dente, que se não tratado, avançará em direção à dentina mais profunda, chegando até a polpa e causando inflamação da mesma (pulpite), com intensa dor. Caso não seja efetuado o tratamento adequado, poderão surgir os dolorosos abcessos dentários com inchaço da face.
Etiologia: Fatores Sistêmicos
Os fatores gerais ou sistêmicos são coadjuvantes que predispõem o organismo a instalação da cárie e, entre eles, podemos considerar os hereditários, os nutricionais e dietéticos e os hormonais.
Os hereditários são muito importantes, pois o patrimônio herdado dos pais determina o biótipo constitucional característico onde alguns descendentes podem ser mais o menos resistentes a carie dental.
Os nutricionais ou dietéticos são especialmente importantes durante a formação do dente (odontogênese), influindo na maior ou menor resistência das estruturas dentárias a carie.
Entre os hormonais podemos destacar três divisões:
Hormônios tiroidianos: nos pacientes que apresentam hipotireoidismo os dentes são mal formados, mal calcificados e muito susceptíveis a caries.
Hormônios paratireoideanos: o paratormônio juntamente com a vitamina D preside a calcificação dos tecidos duros.
Hormônios hipofisários: são importantes na formação do órgão do esmalte que contem os ameloblastos, células encarregadas da formação do esmalte.
Insulina: regula o metabolismo da glicose (açúcar no sangue) e sem ela aumenta muito o nível de glicemia, predispondo os dentes a carie já que diminui a relação cálcio-fosforo do esmalte e da dentina.